Sunday, August 28, 2005

Comentários sobre as duas notícias anteriormente publicadas

Fiz questão de apor estas duas notícias (logo abaixo) porque ambas envolveram sexo e provocaram a renúncia ou a demissão de pessoas que integravam o alto escalão das respectivas instituições a que serviam.
Alguns na Argentina criticaram a “velocidade” da aceitação da renúncia do Bispo Juan Carlos Maccarone. Ocorre que não se tratava de uma acusação infundada pois há um vídeo para comprová-la - e o próprio Bispo admitiu a acusação.
Nestas circunstâncias, o que mais o Papa poderia fazer? Esperar alguns séculos para comprovar se era verdade ou não? Milagres são difícieis de serem comprovados, mas pecados não - principalmente com provas e a admissão de culpa por parte do acusado. Assim sendo, não restou outra alternativa ao Pontífice, senão aceitar incontinenti o pedido de renúncia do Prelado.
É claro que seus amigos tentam desqualificar as acusações: o jornal argentino “Clarín” a elas se refere como baseadas num vídeo que “supostamente” mostra uma relação íntima do bispo com um jovem de 23anos.
Mas se as imagens fossem de alguma forma falsas, forjadas o hoje ex-bispo não teria apresentado imediatamente sua carta de renúncia assim que autoridades eclesiásticas mencionaram a existência da fita.
O jornal “Clarín” também aventa a possibilidade de que a entrega do vídeo é uma espécie de "vingança política", e que ainda não há informações sobre quem teria entregue a fita.
Amigos do bispo alegam que o rapaz foi pago para provocar uma “situação de intimidade” com o religioso.
Mas será que seria possível mesmo enredar o Bispo, de 64 anos, numa insidiosa trama? Os membros da alta hierarquia da Igreja não costumam responder nem a cumprimentos, mensagens de boa sorte, sempre temerosos que seus remetentes sejam pessoas que estejam tentando desvirtuá-los, desencaminhá-los, construir uma falsa intimidade etc. Será que o Bispo Maccarone aceitaria tirar uma foto ao lado de um desconhecido? Menos: será que ele responderia laconicamente a um e-mail que lhe enviássemos desejando-lhe a proteção de Deus? Definitivamente - não! Se se resguardam da companhia da maioria das pessoas, se desconfiam das intenções daqueles que estão há centenas de milhares de quilômetros, pessoas que só por telepatia poderiam levá-los a sair de modo impróprio no filme (e na mídia), “entonces” como ele pode ser levado a essa “situação de intimidade” ao vivo e em cores?!
E ainda de acordo com o jornal “Clarín”, a relação do Bispo com o jovem já teria dois anos.
A verdade é que se ele não tivesse costume dessa prática teria sido muito difícil enredá-lo. Será que seria fácil conseguir filmá-lo cometendo um furto ou um roubo? Ou cometendo qualquer tipo de assassinato? Ou seqüestrando alguém?
Errar é humano, sim, mas certos erros são indesculpáveis, imperdoáveis, em razão mesmo de toda a inconfidência, de todo o desrespeito à confiança na pessoa depositada.
Os que seguiram a vida religiosa sempre afirmam que segue-se esse caminho em atendimento a um chamado divino. Infelizmente, a verdade é que este não é o caso da maioria. A grande maioria está ali porque de outra forma não teria emprego, moradia, comida, roupa lavada e passada, segurança e um respeitável status na vida social. O atual papa está ciente desse problema. Em discurso recente afirmou ele:

“Nas últimas semanas, tive as Visitas "ad Limina" dos Bispos do Sri Lanka e da parte Sul da África. Ali as vocações aumentam, aliás, são tão numerosas que não podem construir Seminários suficientes para acolher estes jovens que desejam ser sacerdotes. Naturalmente também esta alegria traz consigo uma certa amargura porque uma parte vem na esperança de uma promoção social. Fazendo-se sacerdotes tornam-se quase chefes da tribo, naturalmente são privilegiados, têm outra forma de vida, etc. Por conseguinte, erva daninha e grão caminham juntos neste bonito crescimento das vocações e os Bispos devem estar muito atentos no discernimento e não sentir-se simplesmente contentes por ter muitos sacerdotes futuros, mas ver quais são realmente as verdadeiras vocações, discernir entre erva daninha e grão bom.”

O grave problema é que não se pode esperar que uma “erva daninha” que foi escolhida no passado venha a dar bons frutos e escolher hoje o “grão bom” . Inúmeras escolhas erradas já foram feitas no passado, de forma que a Igreja se transformou quase que numa grande estufa de joio. E o “joio” reconhece como bom o “joio” que lhe é semelhante. Na verdade repete-se a tática do cuco, que põe os seus ovos no ninho alheio para serem chocados. E ao nascerem todos os filhotes, os do cuco, sendo maiores, expulsam os outros de seu próprio ninho. Estes, empurrados, caem e encontram a morte ou em virtude da queda, ou em virtude da fome e do frio. Enquanto isso, os filhotes impostores são sustentados e protegidos pela mãe que não é sua.
O erro do Bispo é indesculpável, imperdoável porquanto se é assim considerado quando o personagem é uma pessoa pobre, analfabeta, sem proteção, destituída de qualquer tipo de regalia e posição social, porque deveria ser visto com tolerância quando se trata de uma pessoa com preparo intelectual, que desfruta de muitos confortos e cuja posição social exige que todos o tratem não só com respeito - mas com reverência!
É público e notório que freiras e padres assumem o compromisso do celibato e da castidade. Eles poderiam não tê-lo feito, como a maioria das pessoas na sociedade, mas o fazem de livre e espontânea vontade. Por conseguinte, eles ingressam na vida religiosa dando o seu assentimento informado, ou seja, eles foram informados sobre o que importava os votos de celibato e castidade - e concordaram com a idéia, aceitando, portanto, o desafio, ou o achando perfeitamente aceitável.
Mas, depois de estar desfrutando do respeito da sociedade e de toda segurança que a Igreja lhes dá, padres e freiras começam a se abrasar, a se tornarem escravos de um desejo sexual incontrolável em suas celas nos mosteiros e conventos. De modo que olhando-se para as figuras da maioria esmagadora dos religiosos percebe-se claramente que mui distante estão da santidade - muito mais do que a maioria das pessoas comuns.
Essa distância havida entre o que os religiosos se propuseram e o comportamento que efetivamente adotam é que causa o arrefecimento da fé e o afastamento dos fiéis. Porque um devasso pode-se encontrar em muitos lugares, nem é preciso procurar; mas nas Igrejas muitos esperavam encontrar pelo menos UM santo. Porque se o problema dos que estão sendo protegidos e sustentados pela Igreja é satisfazer seus desejos sexuais, todo o resto da sociedade convive com inúmeros outros problemas que só podem ser resolvidos por milagre. E como milagres são tradicionalmente realizados por santos é a estes que procuram quando recorrem à Igreja.
Sinceramente, não creio que essa concupiscência exacerbada de padres e freiras se resolva com o fim do celibato. Pois, por exemplo, no caso do Bispo Maccarone, teria de ser admitida ou tolerada a sodomia - que é proibida na Bíblia. E se a Igreja contraria o Livro Sagrado ela decreta a sua própria extinção.
Uma vez que a devassidão é encontrada em tantos outros lugares, por que os que dela necessitam tão avidamente não vão ao seu encontro nesses tantos outros lugares e se afastam - obsequiosamente - da Igreja?
O grave problema dos religiosos que não se mantêm castos é que não capazes de respeitar um compromisso assumido. Assim como violam os votos de celibato e castidade, também violariam os votos de fidelidade se lhes fosse permitido casar: o caso de Klaus Volkert (o representante dos trabalhadores no Conselho Executivo da Volkswagen), que, como tantas outras pessoas, não se sentiu impedido de ter um relacionamento extra-conjugal, ilustra bem isso. O seu caso torna-se mais dramático e ganha as manchetes porque além de não ser fiel à mulher, ele também não foi fiel à empresa, e tratou com total desapreço a confiança que seus colegas nele depositavam.
O remédio para os escravos do sexo não será o fim do celibato obrigatório clerical. O que ajudaria bastante é que fosse ensinado a todos, indistintamente, o respeito aos compromissos assumidos, e só assumir o que efetivamente possa cumprir. E que, no caso da Igreja, a seleção dos candidatos a padres e freiras não ficasse a cargo do “joio” - mas sim do “trigo”. Porque se o número de santos já é reduzidíssimo - acabamos por encontrá-los muito mais fora da Igreja do que dentro dela. E se a Igreja é mesmo de Cristo não pode sustentar e proteger a hipocrisia - que foi tão fortemente combatida por Jesus.

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Nos dias atuais vemos situações, no mínimo, estranhas... Quem faria uma doação a qualquer um de nós de R$ 200.000,00? Nem de R$ 0,02, não é mesmo? Mas ficamos sabendo durante certas inquirições nas CPMIs que a filha de um ex-político conseguiu encontrar uma pessoa “generosa” que assim lhe beneficiou, para que ela pudesse construir sua vida depois de seu malogrado caso com o marido de outrem... E aqui vemos como algumas pessoas tem de ser salvas, e com urgência, de situações que afetam a uma esmagadora maioria! Há ainda quem consiga empréstimos de dezenas de milhões de reais sem necessitar apresentar qualquer garantia de que poderá pagá-los! E eu aqui duvidando que pudesse haver tanta bondade no mundo!... Poderíamos dizer: a sorte aquinhoa a quem lhe apraz! Mas sabemos que não é bem assim. Ou melhor: não é nada assim. Essa “sorte” tem muita história e “estórias” que lhe deram origem, nada tem de verdadeira generosidade.
Também no caso da Volkswagen, vejam como o dinheiro aparece e se multiplica para subsidiar certas situações e determinadas pessoas!
Errar é humano, argumentarão muitos. Sim, claro que é - mas acertar também é humano. Creio que os empresários deviam dar muito mais atenção aos seus empregos, às suas empresas, pois eles só conquistam as suas amantes porque são funcionários dessas empresas. Ao levar as suas empresas à falência eles estão matando a suas “galinhas dos ovos de ouro”. Sem empresa, na pobreza quem se sentirá “irresistivelmente atraído(a), perdidamente apaixonado(a)” por eles? A falta de dinheiro costuma sempre arrefecer essas “paixões” que pareciam tão “avassaladoras”.
E enquanto alguns têm tanta disponibilidade para subsidiar a concupiscência, a luxúria, a incompetência, a tola vaidade de umas poucas pessoas, a miséria se alastra em progressão geométrica, atingindo bilhões de pessoas em todo mundo. Quantas pessoas honestas chegam a morrer na mais profunda miséria porque ninguém lhe estende a mão e todos lhe voltam as costas? O honesto é, assim, punido por sua honestidade: insiste em ser honesto? Então que morra com sua virtude!
É bem verdade que muitos - muitos - escolhem o caminho da devassidão, da intemperança, da indignidade pensando que assim assegurarão para si todos os prazeres e bens da vida, mas terminam igualmente esquecidos e na total miséria. Portanto, optar pelo caminho do mal também não é certeza de segurança e abundância de bens e favores, pois aqui a porta do sucesso é igualmente estreita e não encontrada pela quase totalidade dos que a buscam.

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Voltando às denúncias - e às renúncias; aos escândalos e à demissões forçadas; aos atos perdulários e aos vultosos prejuízos - qual a origem de todo esse verdadeiro oceano de lama?
Primeiramente, cumpre observar como as instituições têm escolhido “bem” os seus quadros! Será que essas pessoas de um momento para o outro se transformaram? Será que em questão de minutos - talvez segundos - houve uma transmutação do vinho (ou do champagne, como queiram) em água, uma transubstancialização do trigo em joio?
É claro que não: essas pessoas sempre foram o que agora todos sabem que elas são. Mas porque os “experts” em psicologia, em psicotécnica não identificaram esses desvios de conduta incompatíveis com a função para a qual cada um foi designado?
O problema é que hodiernamente até os que não professam nenhuma religião, nela encontram subsídios para fundamentar seus erros. Por exemplo, hoje há uma proposital distorção do ensinamento de Jesus, quando afirmou: “eu não vim chamar justos, mas pecadores” .
Mais uma vez seria de bom alvitre ler TODA a passagem bíblica:

“Deu-lhe então Levi um lauto banquete em sua casa; havia ali grande número de publicanos e outros que estavam com eles à mesa.
Murmuravam, pois, os fariseus e seus escribas contra os discípulos, perguntando: Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?
Respondeu-lhes Jesus: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos;
eu não vim chamar justos, mas pecadores, ao arrependimento.” (Lucas, 5,29-32)
“... eu não vim chamar justos, mas pecadores, ao arrependimento”

Ou seja, Jesus era o médico que vinha para curar os doentes - porquanto se estivesse ali para curar os “sãos” seria tão-somente mais um charlatão dentre milhares de outros. Jesus veio chamar os pecadores “ao arrependimento”, pois se quisesse que os justos se arrependessem seria mais um entre os milhares de videntes que não vêem senão impurezas nos verdadeiramente santos, determinando-lhes infindáveis penitências e mortificações, enquanto os despudorados são indicados e nomeados para ocuparem os altares. E enquanto não vêem senão fraude, falsidade, dissimulação nos honestos, acabam por nomear ladrões para cuidar das tesourarias das organizações; incompetentes, desqualificados para ocupar cargos de chefia etc.
Destarte, ao distorcer aquele ensinamento de Jesus, tem-se se escolhido a dedo, isto é, com cuidado, calculadamente todos os que vão causar a destruição das empresas e das instituições. Sim, ninguém está ali para chamar os justos, mas sim os pecadores. E vamos recolhê-los onde? Dentre os dependentes irreversíveis de drogas e sexo ; dentre traficantes e “empresários de prostíbulos”; dentre ladrões e assassinos etc. - todas pessoas que já demonstraram saber “trabalhar em grupo”. E assim não se compõe um grupo de trabalho, mas um grupo mafioso! E, depois, quando explodem os escândalos, quando descobertas são as malversações e até assasssinatos todos ficam supresos e sem saber - como, onde, quando tudo começou?!!!
O que acontece é que, ao contrário do ensinamento de Jesus, os “pecadores” aqui não são chamados ao arrependimento: os pecadores são chamados precisamente porque são pecadores, transgressores das leis (“Todo aquele que pratica o pecado, também transgride a lei; porque o pecado é a transgressão da lei.” 1 João. 3-4) - e ninguém tem qualquer interesse em que eles se regenerem; ninguém quer que se tornem íntegros, mas que se entreguem cada vez mais à toda sorte de desregramentos, porque é desses desregramentos que a sociedade globalizada pretende de modo contínuo sobreviver. Pois o que se quer, precípuamente, é perpetuar o mal, construir uma sociedade vitoriosa com fundamentos no Mal, onde o Bem - a virtude, a probidade, a honra - estejam banidos em definitivo.
Isso ciclicamente tem sido tentado. No século passado, os homens inferiores começaram a sua mais recente tentativa para implantar o Mal, desta vez de forma globalizada. No início, trabalharam de modo sorrateiro, e foram se infiltrando em todas as organizações. Depois, através de intrigas e calúnias, dedicaram-se a destruir e impedir que o Bem chegasse à liderança.
Todo líder que estivesse verdadeiramente voltado para o Bem foi sendo identificado e de uma forma ou de outra neutralizado ou eliminado. Se já tivesse seguidores, a estes o mesmo destino seria reservado. O Bem fica, assim, anulado. Agiganta-se o poder dos homens inferiores. E é precisamente aí que sempre o Mal conhece a sua derrota. Porque quando todo o poder fica concentrado nas mãos dos maus, estes não podem mais culpar os bons por todo o erro que haja na sociedade - pois nada mais está sob o controle dos virtuosos. Conseqüentemente, se todo poder está nas mãos dos maus e nada funciona, se por toda parte só se vê injustiça, aflição, desventura, dor, sofrimento, tortura, deslealdade, falsidade, injustiça, infelicidade - e o que todo homem quer, ao final, é ser feliz - o Mal é, enfim, desmascarado - por suas próprias obras. A maldade dos homens inferiores volta-se, então, contra eles mesmos. O Mal mostra-se nefasto não apenas para o Bem, mas termina por causar a destruição de si mesmo. (Pode para muitos não parecer, mas essa destruição já está em andamento.)
Pois se o mal vive somente da negação, como pode subsistir em si mesmo? Vejam que há uma enorme contradição em, perseguindo o mal, querer ser bem-sucedido, através do mal querer atingir o bem-estar.
O Bem só se conquista através do Bem, assim como só o Mal nos advirá se optamos pelo Mal.
Parece óbvio, não é mesmo? Porém, há milênios o homem vem tentando de diversas formas conquistar todas as conseqüências do Bem através do Mal. Mas se o mal é a negação do bem como queremos conquistar as conseqüências deste através daquele? Na atual tentativa, o homem já gastou trilhões (vamos atualizar) de euros; e até agora quais foram os resultados? O mundo está mais seguro? A humanidade está mais feliz? Pelo menos os privilegiados estão mais seguros e mais felizes? Mesmo sendo obrigados a viver atrás das grades dos condomínios se sentem livres? Se estão mais felizes, por que o consumo de drogas é crescente?
Mas todos que apostaram no Mal esperam que tudo venha a acabar bem. O será que esperam que acabe mal? Não, não, esperam que acabe ...
Pelo menos os que apostam no Bem são bem mais coerentes!

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